Carne estragada em jaula de leão

O Brasil é um país de dimensões continentais e isso é inegável; e o que esta nação tem de tamanho, também tem de diferenças, sejam estas de cunho socioeconômico ou étnico-racial.
A interiorização do ensino superior, um dos marcos dentre as ações empreendidas pelo ex-presidente Lula e continuada com a administração da atual presidente Dilma Rousseff, faz parte de uma política cujo sistema prega a integração das camadas mais desfavorecidas da sociedade no âmbito do trabalho qualificado. Um exemplo específico diz respeito à instalação do Campus Universitário “Professor Alberto Carvalho” (Universidade Federal de Sergipe) no território que corresponde à cidade de Itabaiana no agreste sergipano.
Itabaiana, a princípios das décadas de 70 emergiu-se como celeiro agrícola e comercializador no menor estado brasileiro e até hoje faz jus a isto. Tanto a instalação do campus da Universidade Federal de Sergipe, quanto da Universidade Tiradentes representou uma mudança na dinâmica espacial do município, principalmente no que se refere à valorização de áreas antes marginalizadas, como no caso do Sítio Porto, bairro onde estas instituições estão estabelecidas.
Entretanto, essa multiplicação de campi em cidades médias não trouxe consigo o sinônimo de qualidade. Ao passo de que trouxe oportunidades para jovens e adultos com renda baixa (em conjunção às ações afirmativas de ingresso na educação superior); trouxe também uma decadência do ensino superior, sucateamento da infraestrutura e aumento violência urbana.
A decadência do ensino superior se transparece frente à dificuldade na realização de eventos, sejam estes locais, regionais, nacionais ou internacionais; o próprio “III Simpósio Regional de Desenvolvimento Rural: Políticas Públicas e Pobreza rural no Nordeste” realizado entre os dias 20 e 22 de agosto de 2014, evento de grande importância e magnitude para o pequeno campus de Itabaiana, foi obra de financiamento externo, colocando em evidência a crise de interlocução que vive a Universidade Federal de Sergipe. Essa crise, para fins de esclarecimento, emerge no pouco diálogo existente entre as distintas áreas e entre os distintos Campi; a greve dos professores que perdurou durante aproximadamente um mês traz consigo uma segregação numa instituição que visa em seus documentos oficiais a integração: muitos professores do campus de São Cristóvão esqueceram ou apagaram de suas mentes os problemas e as reivindicações de seus colegas dos Campi de Itabaiana, Lagarto e Laranjeiras, e consequentemente no futuro campus de Nossa Senhora da Glória.
O sucateamento (depredação) da infraestrutura dos Campi “interiorizados” torna-se consequência da própria falta da integração, mas também tem vínculos com a violência, um exemplo óbvio de tal questão faz alusão ao campus de Laranjeiras, onde assaltos à mão armada fizeram com que bolsistas residentes fossem retirados dos estabelecimentos.
Por fim, todos os fatos evidenciados trazem à tona a falta de planejamento (logística) que ronda o projeto do Governo Federal de interiorização da universidade pública; assim, a concessão de bolsas e projetos nestes locais é como atirar um pedaço de carne estragada numa jaula de um leão aleijado.

Carne estragada em jaula de leão

Entre concreto, carros e fumaça

Logomarca do 'Itabaiana+verde'. Disponível em: https://www.facebook.com/Itabaianamaisverde/photos/a.254528051412551.1073741827.254526981412658/254528034745886/?type=1&theater
Logomarca do ‘Itabaiana+verde’. Disponível em: https://www.facebook.com/Itabaianamaisverde/photos/a.254528051412551.1073741827.254526981412658/254528034745886/?type=1&theater

Mais uma divulgação de mais um grande projeto que merece destaque por parte de todos que fazem parte do campus de Itabaiana.

A cidade, aliás, é famosa pelo comércio que deixa grandes reflexos nas ruas, como alimentos espalhados, plásticos, entupimento de bueiros. Além da aparente pouca quantidade de árvores. O trânsito caótico e a poluição também são marcas visíveis da cidade serrana  de aproximadamente 100.000 habitantes.

Entre todo esse concreto, carros e fumaça, o projeto intitulado ‘Itabaiana+verde’, organizado por discentes e professores do curso de Ciências Biológicas, do campus de Itabaiana surge como inovação e contraposição a falta do ‘verde’ na citada cidade. Espécies nativas da Mata Atlântica, a exemplo de alguns tipos de ipês são cultivadas na estufa do campus (estufa sem teto) e plantadas em áreas preestabelecidas.

Para se ter uma ideia da importância desse projeto, a Prefeitura da cidade e a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente já promoveram e participaram do plantio de árvores.

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Infelizmente, o projeto não recebe a devida atenção, nem da Universidade, nem da população. Todavia, a luta persiste e a cada dia o ‘Itabaiana+verde’ só se engrandece e ‘esverdeia’ a cidade do agreste sergipano.

Entre concreto, carros e fumaça

Fazei com que eu chegue são e salvo… na Universidade

Atravessar ruas, entre carros, entre motos, entre gente. Gente que diz “Bom dia”, outras que dizem “Passe o celular”.

Entrada no município de Itabaiana/SE.
Entrada do município de Itabaiana/SE.

O semáforo está vermelho, mas não há parada nem respeito. Não há direitos. A bala perdida, o mundo das drogas, a prostituição passando bem diante de nossos olhos. Até mesmo de forma imperceptível.

A estrada de terra, a estrada de chão. O mototáxi, o automóvel, o coletivo. A depressão, a vitória: lágrimas e sorrisos num constraste de emoções.

A falta de informação, o sentimento de mudança. A mudança que um dia sempre chega.

Os olhares positivos, os olhares negativos. O abraço dos nossos pais, ou mesmo o aperto de mão. O sorriso que demonstra a alegria que eles tem em nos ver sãos e salvos.

“Meu filho estuda faculdade!” É o que dizem, repetindo a demonstração de satisfação.

São perspectivas futuras que estão em jogo, e poucos enxergam isso. São forças em busca de atuação.

Fazei com que eu chegue são e salvo… na Universidade

Em prol de uma causa

Até o dia 28 de novembro de 2014, o campus universitário professor Alberto Carvalho está recebendo donativos com o intuito de ajudar as vítimas da grande enchente da última terça (17/11) que atingiu o interior do estado de Sergipe. Roupas, cobertores, colchonetes e alimentos não perecíveis podem ser doados para serem encaminhados à defesa civil do município. Os donativos estão sendo recolhidos no SECOM (BLOCO A).

Impermeabilização do solo contribuíram para alagamentos na cidade serrana de Itabaiana/SE.
Impermeabilização do solo contribuíram para alagamentos na cidade serrana de Itabaiana/SE.
Em prol de uma causa